A verdade que ninguém quer ouvir depois de uma traição
Ser traído dói. Dói muito.
É uma dor que mistura raiva, frustração, sensação de desrespeito, tempo perdido... e um buraco difícil de descrever. Eu sei. E não estou aqui para diminuir essa dor.
Mas tem algo que pouca gente tem coragem de dizer e menos ainda de ouvir:
Uma análise honesta da traição passa por uma varredura sincera do que estava acontecendo na relação antes do episódio.
→ Como estava, de verdade, essa relação?
→ Qual era a minha conduta dentro dela? Ou pior: qual foi a minha falta de conduta?
→ Onde está a minha parcela de responsabilidade?
É claro que essa pergunta dói. Mas é uma pergunta necessária.
E não, isso não justifica a traição — porque traição é uma escolha, é uma quebra de acordo.
Mas essa análise é para outra coisa: é para te libertar.
A verdade é que muitas relações dão sinais claros de que estão adoecendo.
Só que a gente ignora. Acha que vai melhorar com o tempo, que é só uma fase, que depois a gente vê. E quando o pior acontece, a gente se sente totalmente sem chão; sem entender como aquilo “pôde acontecer”.
Em 2014, eu passei por uma crise no meu casamento com Luciana e por sorte não houve traição, muito embora o cenário estivesse todo favorável.
Mas se tivesse acontecido eu saberia exatamente onde foi que eu falhei.
Eu saberia qual foi a minha omissão.
Eu reconheceria os indícios que a relação já vinha dando.
E embora eu não possa afirmar o que eu faria diante de uma traição, eu teria consciência da minha responsabilidade no que aquele casamento estava se tornando.
E aqui está a chave de tudo:
Quando a pessoa traída tem a coragem de fazer essa análise profunda e encontra respostas sinceras sobre suas ações ou omissões, a dor muda de lugar.
Ela não desaparece. Mas ela pode ser minimizada.
É como um acidente de carro causado por alta velocidade. Dói, gera prejuízo, deixa marcas. Mas quando você reconhece que estava dirigindo rápido demais, que houve imprudência ou descuido, você entende que aquilo não aconteceu do nada.
Você tem um ponto de partida para aprender. Para mudar.
Com a traição pode ser assim. É possível olhar para trás e perceber que aquele fim era previsível. Que houve sinais. Que houve silêncio, afastamento, omissão, negligência emocional. E que você, mesmo do lado de quem foi traído, pode ter contribuído (mesmo sem querer) para a desconexão da relação.
De novo: isso não é sobre culpa. É sobre responsabilidade.
E assumir a sua parcela de responsabilidade pode ser o primeiro passo para curar essa dor ou, ao menos, para não repeti-la no futuro.
Eu fico por aqui. Até a próxima Carta.
Ps. Sente que precisa de ajuda nesse processo? Me chama no whatsapp. Vamos nos falar.